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terça-feira, 10 de março de 2015

--- Palíndromo. Quem inventou esta palavra.

Boa parte de dois/três anos da minha vida dediquei à descoberta de minudências históricas  sobre a arte palindrômica, “fuçando” bibliotecas, no Brasil e no exterior, principalmente, enquanto escrevia minha modesta obra “Tucano da Cut” (só agora percebo: que falta fazia o “google” naquele tempo)

Revelei no livro, por exemplo, que o palíndromo ROMA ME TEM AMOR, pelo menos formalmente, seria o mais antigo do nosso idioma, uma vez que foi o único publicado no verbete “palíndromo” - como exemplo da palavra - no primeiro dicionário do idioma português escrito e publicado no Brasil (1779), o histórico Morais, de autoria do primeiro lexicógrafo brasileiro, Antônio de Morais Silva (1757/1824). 

Em face disso, após a publicação do meu trabalho, julgando estar a par de tudo sobre o tema, – tremenda burrice - dei por encerradas minhas pesquisas. 

Ledo engano, pois, há pouco, descobri um fato notável, que me passara despercebido e que me apresso a  revelar aos amigos que me lêem (e aos que gastaram seu inestimável tempo para lerem meu livro). 

Com efeito, no meu ensaio afirmei, por estar convicto disso à época, com base nos dicionários e na literatura existentes, que palíndromo era uma palavra de procedência grega blá-blá-blá etc (como informei, aliás, neste blog). A assertiva estava incorreta. Descobri agora que a palavra, não obstante suas raízes gregas, não foi criada – como acreditou este pobre mortal - pelo provável inventor do palíndromo, o poeta grego Sótades de Maroneia e nem mesmo, por mais absurdo que possa parecer, por qualquer outro literato nascido na Grécia antiga. 

Este vocábulo, surpreendentemente - pelo menos para mim - foi inventado pelo inglês Benjamin “Bem” Jonson, poeta, dramaturgo, ator, expoente da liguistica - não poderia haver alguém mais indicado para criação de uma palavra do que um expert em linguista - dedicadíssimo à fonética e classificação de verbos, que nasceu em Westminster (11/6/1572) e faleceu em Londres (6/8/1637). Sua vida, muito atribulada, tem biografia na Wikipédia e vale a pena ser lida. Contemporâneo de Shakespeare, Bem Jonson com ele atuou, pelo menos, em uma peça de sua autoria no século XVII.  Mas estava certo, entanto, que a palavra “palíndromo”, muito embora a nacionalidade do seu criador, teve como origem a junção de dois vocábulos pertencentes ao idioma helênico: “palin” (“outra vez” ou “que corre de novo” ou “que volta sobre os seus passos”, cuja origem  se encontra no sânscrito  pali, que significa “na mesma linha”)  e “drom” (corrida). 

Desculpem-me pelo equívoco. Continuo em busca da verdade, a qualquer época, onde ela estiver submergida ou coberta pela poeira do tempo.

(Observação: a primeira peça montada de Bem Jonson “Everyman in his Humour (Cada Homem em seu Humor), em 1598, foi representada no Globe Theatre pela Companhia de Shakespeare. Shakespeare atuou na sua primeira encenação ambientada na Itália, e também na versão "londrinizada" de Jonson. Tratava-se, portanto, à época, de autor de grande prestígio literário).

(Informações encontradas em Indienfinslab.com/enciclopedia/letra-p e na Wikipédia)