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sábado, 8 de março de 2014

--- CONTINUAÇÃO DA APRESENTAÇÃO

"O direito de pensar, falar e escrever 
livremente, sem censura, sem restrições 
ou sem interferência governamental é
o mais precioso privilégio dos cidadãos,"
Hugo Lafayette Black, juiz aposentado da 
Suprema Corte dos EUA 

AGORA AOS PALÍNDROMOS.

Quando criança, após um amigo mostrar-me uma frase que lida

ao contrario era literalmente igual (ROMA ME TEM AMOR), o palíndromo mais antigo do idioma português - pelo menos, formalmente, no Brasil - uma vez que é o único que consta - como exemplo - no verbete "palíndromo" da primeira edição do histórico "Morais" (primeiro dicionário da língua portuguesa editado no Brasil, em 1789, de Antônio Morais Silva). Fiquei deslumbrado. Como era possível escrever uma frase que pode ser lida da esquerda para a direita e vice-versa e mesmo assim eram iguais. Uma frase sem fim. Logo li meu nome ao contrário: Olumor. Mas nada significava. Até que um dia encontrei um jeito de fazer sentido, como conto logo adiante.  A partir desse dia adquiri o hábito de ler palavras ao contrário para ver se alguma tinha outro sentido. Quando comecei a trabalhar, aos 14 anos de idade, ia de bonde - da Tijuca ao Centro do Rio de Janeiro - e durante o percurso me distraia lendo anúncios e nomes de lojas, ao contrário, para ver se formavam outras palavras. 

Um belo dia - já telegrafista de uma empresa Italiana - era uma companhia de cabo submarino de nome ITALCABLE, há muito extinta no Brasil- eu e mais dois saudosos companheiros e amigos, fundamos um jornal classista chamado “A VOZ DOS TELEGRÁFICOS", do qual eu era redator-chefe, tendo também assumido a coluna de humor do mesmo (intitulada "O CABO") , com o pseudônimo de O. L. (bom) UMOR, que é meu nome ao contrário, esclarecendo na coluna que o meu “humor” era italiano e, portanto, sem H e sem graça. Foi assim que comecei, oficialmente, escrever palavras ao contrário


Muitos anos depois, lendo no jornal “O Globo”, de 13 de julho de 1986, uma crônica do saudoso Otto Lara Resende, intitulada “Palíndromo & Capicua”, fiquei sabendo que palavras ou frases com essa característica denominavam-se PALÍNDROMO e a arte milenar de faze-los intitulava-se PALINDROMIA, cuja criação datava de quase quatro séculos antes de Cristo, inventada por um tremendo glosador: Sótades de Moroneia, poeta e sátiro grego. Foi quando me dei conta de que o hábito que adquirira ainda na infância poderia terminar em arte.


A partir desse artigo resolvi fazer um palíndromo. E como demorou. Nos meus momentos de folga, era uma distração intelectual obsessiva. Quando, após uma operação de safena, passei a dar longas caminhadas matinais, aproveitava o tempo para continuar as tentativas. Até que nasceu o primeiro: A BASE DO TETO DESABA.


Depois de produzir essa catástrofe palindrômica, foram saindo outros e mais outros, até que em 1997, após pesquisar sobre o assunto durante três anos, no Brasil e no exterior, onde visitei inúmeras bibliotecas (fui parar até na Universidade de Atenas para saber mais sobre essa arte) decidi, incentivado por amigos, principalmente o saudoso Newton Rossi, Presidente fundador da Federação do Comércio de Brasília, e grande poeta, escrever um livro sobre o assunto porque, àquela época - bem antes da internet chegar ao atual estágio - nossa literatura era carente de informações sobre palíndromo. Daí nasceu o meu livro (TUCANO NA CUT), no qual, além de contar a história dessa arte desde seus primórdios, publiquei 202 frases palindrômicas de minha autoria, algumas com cartuns de Kácio (fui o primeiro palindromista brasileiro que, me valendo do grande talento  e da extrema boa vontade desse fantástico caricaturista do Correio Braziliense de Brasília 
- que nada cobrou pelo seu trabalho e pelo seu refinado bom humor - sugeriu a criação de cartuns tendo como tema o palíndromo). Edição esgotada. Vendi quase toda pela internet.


Sou advogado aposentado, formado na primeira turma do UNI/CEUB, da Capital Federal, em 1972, quase aos quarenta anos de idade (e, nas horas vagas, compositor da MPB). Defensor intransigente da democracia, forma de governo em que todos os cidadãos elegíveis participam igualmente - diretamente ou através de representantes eleitos - na condução e administração do país, fato que torna totalmente dispensável a existência desses "conselhos populares" 
que o atual governo pretende criar (cujo único objetivo é um abusivo aparelhamento do Governo e depreciação dos sodalícios legislativos que são os grandes instrumentos da democracia). Coisa mais antiga, gente! Discípulo, amigo e correligionário - e sempre me senti muito honrado por isso - do saudoso político, democrata cristão, meu professor de Filosofia do Direito, Franco Montoro, homem probo e culto, que os políticos atuais deveriam tentar imitar, creio ser abominável tal ideia
 
(29/11/2014 – Muito a propósito: lembra-me e-mail do meu amigo, o maior historiador de Brasília, Adirson Vasconcelos, estar fazendo, hoje, 32 anos que dez governadores, liderados por Franco Montoro, de São Paulo, lançaram manifesto pelo restabelecimento das eleições diretas para Presidente da República do Brasil). Por fim, estou lançando este blog com o propósito ao qual me reportei no início desta apresentação e também para divulgação da arte que tanto admiro e, ainda, dizer, palindromicamente, o que penso sobre as coisas erradas que, ao meu ver, vivem fazendo no Brasil. Espero que dê aos interessados, ou não, pelo tema, momentos de prazer.


Observação final (30/10/2014) - A propósito do parágrafo anterior, queria dizer, ainda, o seguinte: esses Conselhos Populares que o atual governo pretende introduzir no direito positivo brasileiro, por meio de absurdo decreto (ontem oportunamente rejeitado pela Câmara dos Deputados), nada mais são do que descarado plágio dos Conselhos Operários que surgiram, pela primeira vez no mundo, na Revolução Russa de 1905, teorizados por Rosa Luxemburgo e, principalmente, pelos chamados comunistas de conselhos. Pode ser que àquele tempo, em regimes fechados, absolutistas (tsares, reis, rainhas, ditadores de todos os matizes, etc.), a criação desses órgãos tivesse algum sentido, mas não na atualidade, ainda mais num país como o nosso, cujo sistema democrático é de plena liberdade e onde já existem sodalícios cujos membros foram eleitos pelo povo para nos representar. É desprovida de bom senso essa tentativa de infiltrar, sorrateiramente, em nossa forma  de governo, essa barbaridade inventada por marxista-leninistas, outrora conhecida como “sovietes”. Causa, ainda, espécie saber, como amplamente noticiado pela imprensa escrita e falada, que as nossas contas públicas estejam estourando e uma das prioritárias metas do governo seja a criação dessa baboseira obsoleta. Afinal, se o governo quer mesmo ouvir, opcionalmente, a opinião popular - e se há, realmente, sinceridade nisso - por que não consulta os sindicatos operários, os conselhos das Ordens das profissões liberais, ou outras instituições de caráter coletivo já legalmente existentes? Como cristão de carteirinha (fui deputado pelo PDC do Rio de Janeiro em 1976, suplente do Marechal Juarez Távora) julgo profundamente lamentável e estranho que o atual ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da Republica do Brasil, ex-seminarista, cuja origem política, dizem, é a Pastoral Operária da Igreja Católica, apareça, neste momento (em que estamos tentando consolidar a democracia no pais), na televisão, defendendo essa esdrúxula e arcaica fórmula de organização nitidamente comunista, cujas idéias já foram, há muito tempo, banidas do grande pais onde outrora floresceu e somente ainda viceja em terras comandadas por psicopatas, tais como Coréia do Norte, Cuba e Zimbábue, Venezuela e poucos - pouquíssimos - países afins. 

E.T. Dezenas de palíndromos de minha autoria já foram publicados em diversos Blogs e saites, inclusive - ou principalmente - na wikipedia. Neste blog vou publicar somente aqueles que considero mais interessantes e, sempre que possível, explicando a mensagem que pretendo enviar com sua criação.


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O INVENTOR DO PALÍNDROMO


A invenção da arte palindrômica é atribuída ao sátiro poeta grego Sótades de Maronéia (era natural de Maronéia - Trácia) porque são de sua autoria os primeiros palíndromos encontrados 

Especializou-se, ainda, num tipo obsceno de verso jônico, conhecido como "Kinaidoi". Inventou uma métrica mais livre, que aplicou em várias de suas obras, inclusive em um texto reescrito da Ilíada. Inventou ainda o verso sotádico (por esse fato seu nome ficou eternizado na literatura mundial) que podem ser lidos da direita para a esquerda com o mesmo sentido.

Viveu em Alexandria, durante o reinado de Ptolomeu II Filadelfo. 

Por satirizar o casamento incestuoso do rei com sua irmã, Arsínoe II ENIS (“Você está metendo seu pênis em um buraco ímpio!” (Sótades: Sátira a Ptolomeu II.), foi preso, porém conseguiu escapar para a ilha de Caunus, onde foi descoberto e novamente detido por Patroclo, oficial de Ptolomeu.


 Após sua nova prisão, o rei o condenou a morte de forma muito cruel: colocaram-no ainda vivo numa caixa de chumbo lacrada e a lançaram no mar Mediterrâneo (pelo visto, nesse tempo, sim, poderia se pensar na criação de Conselhos Populares. Mas essa época, graças a Deus, já foi ultrapassada). Quem puder, avise-os, pois estão desatualizados..

Os textos de seus poemas Adônis e Príapo, mencionados por outros autores, se perderam.

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