No texto do verbete anacíclico (sinônimo de palíndromo) do Grande Dicionário Etimológico Prosódico (1o. Volume, pág. 2l9), do Prof. Silveira Bueno, vem publicada, para exemplificar o termo, frase palindrômica latina sobre a qual existe fascinante lenda:
“Anacíclico
- Adj. - Disposição de palavras num
verso que lidas, ao
que lida ao contrário, dá as mesmas palavras.”
inverso, do
fim para o começo, são as mesmas que o poeta dispôs do
começo
para o fim. Verdadeiro quebra-cabeça que enlouqueceu muito
poeta sem
inspiração. Predomínio na poesia da Idade Média. Aulete
cita este
exemplo latino:
Signa te signa, temere me tangir et angis,
que lida ao contrário, dá as mesmas palavras.”
A autoria desse palíndromo - diz Malba Tahan (“Matemática Recreativa”, 1º Volume, Editora Saraiva, São Paulo, 1965), citando conhecido folclorista português - é atribuída ao demônio, estabelecendo, assim, interessantíssima polêmica, uma vez que já chegara ao meu conhecimento versão diversa disseminada por OTTO LARA REZENDE (crônica publicada no jornal O Globo, de 13 de julho de 1986, sob o título Palíndromo & Capicua). Vejamos primeiro a variante do autor português:
“O filólogo Leite de Vasconcelos, no volume de seus opúsculos, cita duas frases
palíndromas que, segundo a lenda, foram compostas pelo Demônio: A primeira
seria a seguinte: SIGNA TE SIGNA TE, ME TANGIS ET ANGIS. Nota-se
pequena diferença entre essa forma e a forma citada pelo Prof. Silveira Bueno.
E a segunda, que é incluída entre os versos anacíclicos:
ROMA TIBI SUBITO, MOTIBUS IBIT AMOR”.
Essa assertiva, entretanto, não bate com informação de OTTO (no artigo citado):
“Uma lenda informa que São Martinho fez um palíndromo para se livrar do
Demônio. Mas o Demônio retrucou com outro palíndromo. Tudo em latim
e em torno do sinal da cruz: “Signa te signa; temere me tangis et angis”.
OTTO não se reporta ao outro palíndromo citado por Malba Tahan, mas a tradução do primeiro, efetuada por latinista das minhas relações, e a sintaxe clerical que o caracteriza, consoante o corajoso jornalista (e emérito latinista) Sebastião Nery, estão a indicar que se São Martinho criou algum, seria esse:
SIGNA TE SIGNA, TEMERE ME TANGIR ET ANGIS
(SE) INADVERTIDAMENTE ME TOCARES E APERTARES,
IDENTIFICA-TE POR SINAIS (MOSTRA TEUS SINAIS).
Aquele cuja autoria poderia ter sido atribuída pelos místicos ao demônio, em face da conotação luxuriosa do texto, para tentar São Martinho, ao que me parece, seria o segundo, que o mesmo latinista amigo assim traduziu:
DE ROMA TE VIRÁ DE SÚBITO O AMOR (ROMA TIBI SUBITO MOTIBUS IBIT AMOR).
“O filólogo Leite de Vasconcelos, no volume de seus opúsculos, cita duas frases
palíndromas que, segundo a lenda, foram compostas pelo Demônio: A primeira
seria a seguinte: SIGNA TE SIGNA TE, ME TANGIS ET ANGIS. Nota-se
pequena diferença entre essa forma e a forma citada pelo Prof. Silveira Bueno.
E a segunda, que é incluída entre os versos anacíclicos:
ROMA TIBI SUBITO, MOTIBUS IBIT AMOR”.
Essa assertiva, entretanto, não bate com informação de OTTO (no artigo citado):
“Uma lenda informa que São Martinho fez um palíndromo para se livrar do
Demônio. Mas o Demônio retrucou com outro palíndromo. Tudo em latim
e em torno do sinal da cruz: “Signa te signa; temere me tangis et angis”.
OTTO não se reporta ao outro palíndromo citado por Malba Tahan, mas a tradução do primeiro, efetuada por latinista das minhas relações, e a sintaxe clerical que o caracteriza, consoante o corajoso jornalista (e emérito latinista) Sebastião Nery, estão a indicar que se São Martinho criou algum, seria esse:
SIGNA TE SIGNA, TEMERE ME TANGIR ET ANGIS
(SE) INADVERTIDAMENTE ME TOCARES E APERTARES,
IDENTIFICA-TE POR SINAIS (MOSTRA TEUS SINAIS).
Aquele cuja autoria poderia ter sido atribuída pelos místicos ao demônio, em face da conotação luxuriosa do texto, para tentar São Martinho, ao que me parece, seria o segundo, que o mesmo latinista amigo assim traduziu:
DE ROMA TE VIRÁ DE SÚBITO O AMOR (ROMA TIBI SUBITO MOTIBUS IBIT AMOR).
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