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sábado, 29 de março de 2014

— Curiosidades Palindrômicas


Os vocábulos REVIVER, ROTOR e REVER são, respectivamente, palindrômicos, os dois primeiros, com o mesmo significado, em português e inglês; o terceiro, no nosso idioma e em francês (no idioma de Camus, porém, rêver, além de não ser sinônimo – significa sonhar – leva, como se viu, acento circunflexo no primeiro e).

Os termos SOCO e SOPAPO, além de serem sinônimos, quando no plural, se transformam em palíndromos: SOCOS e SOPAPOS

A palavra RADAR (formada de quatro termos da língua inglesa: radio detecting and ranging), homógrafa, pelo menos, em sete idiomas (inglês, francês, espanhol, alemão, italiano, português e polonês) é, portanto, palindrômica em todos eles. Creio que também nos demais.

Outra curiosidade interessante foi veiculada na Folha de São Paulo, de 21 de março de 1973:.
"Nos Estados Unidos, em Vinto, no estado de Ohio, um casal, o senhor Ernest Russel e esposa, resolveu dar nomes palíndromos(*) a seus filhos: Noel Leon, Novel Levon, Lledo Odell, Lura Arul, Loneya Ayenol, Noble Elbon, Norwood Doowron, Lebanna Annabel, Leah Hael, e os gêmeos Nerol Loren e Leron Norel”.  (*)Como disse, antigamente, o adjetivo "palíndrômico" ainda não estava incorporado ao idioma português.

Algo também curioso aconteceu comigo. Durante muito tempo tentei fazer, sem êxito, um palíndromo com o nome de Jesus. Um belo dia, finalmente, encontrei em português uma palavra que possibilitava a criação. É SUS (do português arcaico), interjeição que quer dizer eia! coragem! ânimo! Feliz da vida criei: SUS! É JESUS! Pouco tempo após descobri, um pouoo decepcionado, que alguém já se antecipara a mim, com ideia absolutamente idêntica.”. Não foi milagre; simples coincidência

Impossível deixar de registrar, outrossim, que há outras bastante interessantes, como, por exemplo, cartão de visita pertencente a um provável cidadão de fala francesa chamado Mack, de profissão muito marginal:
                                                      
                                                         "Rue Loir, B
                                                         Mack Cambrioleur"
                                                         
                                        (Trad. Rua do Rato, B - Mack arrombador) 
   
Malba Tahan refere-se, também, à palindromia musical, comentando que o Maestro Fúrio Franceschine, de São Paulo, fez curioso estudo sobre variadas frases musicais que podem ser lidas (sem a menor alteração) da direita para a esquerda e vice-versa (por falar nisso, outro dia ouvi, na internet, um vídeo exibindo execução de música de trás pra frente: achei horrível). Como já dsse alhures, e aqui reitero, a palindromia é uma arte resultante da escrita, solitária, silenciosa e intraduzível. Perde seu encanto  com a oralidade.. 


--- Palindromagia

EXTRAÍDO DO MEU LIVRO "TUCANO NA CUT"


Primeiramente, é oportuno esclarecer que esta palavra PALINDROMAGIA, hoje fartamente utilizada em itens da internet, fui eu que criei para denominar o jogo de palavras que inventei e que expus suas regras no meu livro TUCANO NA CUT, publicado em 1998. Felizmente me roubaram só a palavra e não minha imaginação. Mas no Brasil é assim mesmo, como dizia o filósofo Chacrinha - cada país tem o filósofo que merece - nada se cria, tudo se copia, sem qualquer alusão ao criador. Nunca respeitam o direito autoral


Feita a ressalva, vamos ao jogo. Após produzir centenas de palíndromos - e por causa disso - acabei inventando um jogo de palavras, com ligeira similitude à charada invertida, que denominei palindromagia (não procurem no neologismo qualquer embasamento etimológico. Quanto à mágica do jogo, ela está em que, de 2, 3, ou mais palavras, pode-se extrair uma frase contendo uma quantidade de vocábulos, muitas vezes, até superior ao dobro das mesmas.


Ouso afirmar, sem receio de estar exagerando, que a palindromagia pode ser tão interessante, ou mais, que palavras cruzadas, logomania, etc. Traz ainda outra novidade: a solução implica sempre o surgimento de uma nova frase palindrômica, o que não deixa de ser uma atraente curiosidade.


Consiste esta charada no seguinte: aos leitores serão enunciadas as palavras que compõem a metade de um palíndromo. Com tais vocábulos será possível solucionar o enigma, uma vez que toda frase dessa espécie se divide em duas parte que se encontram no centro da mesma para formar a oração. A PRIMEIA PARTE chamo-a de direta ou ascendentete e a outra de indireta ou descendente, denominações que me parecem apropriadas . Enfim, as palavras da primeira parte, invertidas, são as mesmas da segunda, ou vice-versa.


Tome-se, por exemplo, o palíndromo da anedota, já transcrito : SOCORRAM-ME, SUBI NO ÔNIBUS EM MARROCOS.


O enunciado do problema que se formular com ele, tanto poderá ser feito através dos vocábulos da primeira parte, ou seja, SOCORRAM-ME SUBI NO, como da indireta, ÔNIBUS EM MARROCOS. Para dificultar o deslinde da charada, as palavras serão apresentadas fora de ordem.


Na hipótese acima, pode-se escolher os enunciados a seguir exemplificados: na parte ascendente, NO SUBI SOCORRAM-ME, ou SOCORRAM-ME NO SUBI e, na segunda, MARROCOS EM ÔNIBUS, ou, ainda, ÔNIBUS MARROCOS EM.


De toda a sorte, seja qual for o critério adotado, o jogador terá sempre condições de descobrir o palíndromo, uma vez que, além das palavras enunciadas, as demais que o integram poderão ser destas deduzidas.


Havendo palavras homógrafas, o formulador, no enunciado, deverá sempre explicitar o sentido da mesma no texto, como, por exemplo, nesse de minha autoria,


AMOR LEVA RODA À ADORÁVEL ROMA(39), cujo termo "roda", ao contrário do que o charadista poderá supor, designa grupo de pessoas com quem se mantém relações. Destarte, ele poderá ser exposto conforme modelo que segue: “RODA - círculo de amizades”.


Quando se trata de palíndromo no qual, entre as partes direta e indireta há um espaço (como o de Marrocos), o enunciado, como se viu, é de elaboração bastante simples. Em se tratando, porém de algum que contenha no centro, em vez de espaço, uma letra isolada (como o À do palíndromo anterior) ou incorporada a um vocábulo de quaisquer das partes (o T do palíndromo abaixo ), as quais chamo de letra eixo, é um pouco mais complicado. Nesta hipótese, o formulador deve enunciá-la isolada na primeira parte, quando esta estiver inserta em palavra da segunda, ou vice-versa. Destarte, caso se queira apresentar como charada


ROMA ME TEM AMOR, cuja letra eixo é o T, o enunciado pode ter as seguintes formas: na hipótese da parte ascendente , ME ROMA T, na segunda, AMOR TEM.


Finalmente, no caso em que o palíndromo escolhido para enigma tenha um ou mais sinais de pontuação, diacrítico ou gráfico, a solução, pelo menos aparentemente, fica um pouco mais difícil, uma vez que na leitura invertida nem sempre são mantidos na mesma letra.Por essa razão, em português, os que considero perfeitos, são aqueles nos quais o sinal não oscila de posição.


Já nos imperfeitos, a colocação do sinal nem sempre é respeitada e, às vezes, até desaparece.
Exemplo da primeira espécie é este que criei:


O TEU DRAMA É AMAR DUETO,cujo acento agudo no E, tanto na ordem direta como na indireta, cai sempre na mesma letra. Observe-se agora um imperfeito, também de minha autoria:


SÓ COM O TIO SOMÁVAMOS OITO MOÇOS(40).


Como se vê, o acento agudo da palavra SÓ não aparece na parte descendente, o de SOMÁVAMOS muda de posição quando se lê da direita para a esquerda e o cê-cedilha, existente na segunda parte, não consta na ascendente. A verdade é que, quando há sinais gráficos, raramente se consegue um perfeito. De qualquer modo, na formulação do enigma, também poderá ser utilizado o imperfeito, fato que, estou certo, não será obstáculo à solução da charada a um palindromista mais diligente, como ocorre, aliás, com aqueles que se distraem solucionando as tradicionais palavras cruzadas.


Quando houver, outrossim, no centro da frase, em vez de uma letra eixo, uma palavra palindrômica (é a palavra eixo), como no exemplo retro (somávamos), tal como sugeri se faça com a letra, ela deve ser expressa em quaisquer das partes adotadas para o enunciado, fato que facilitará bastante a solução do problema. Assim, só avento o aproveitamento de palíndromo com essa característica na hipótese do jogo ser destinado a crianças.


Finalmente, em sendo usado nome próprio na elaboração do palíndromo, esse fato deverá sempre ficar esclarecido no enunciado. Assim: “RAUL - nome próprio masculino”. A critério do formulador, entretanto, outros ou todos os termos poderão também ter o significado revelado, havendo ou não riscos de dubiedade.
Passadas essas informações, vejamos um exemplo de palindromagia com frase desconhecida:


ENUNCIADO


ARGEL (País da África) - DIVA (Nome próprio) - A - (artigo) - EM - (preposição) - A - ( Letra eixo).). COMO SOLUCIONAR O ENIGMA.).
A primeira providência, creio, a ser adotada pelo charadista que pretenda resolver a questão, é escrever as palavras enunciadas da direita para a esquerda:).
ARGEL = LEGRA
DIVA = AVID
A = A
EM = ME
A = A (Letra eixo)).


A segunda, é colocar em ordem palindrômica as palavras enunciadas. Assim: A DIVA EM ARGEL A.
Dessa forma, a segunda parte do enigma só pode ser:
ALEGRA-ME A VIDA.
Eis, então, o palíndromo:
A DIVA EM ARGEL ALEGRA-ME A VIDA.


As informações anteriores, contudo, não significam que o leitor interessado não possa encontrar, a seu critério, caminhos que julgue mais práticos para solucionar as charadas.


Convém salientar que certos vocábulos oferecidos para deslinde de enigmas poderão, ainda que muito raramente, propiciar soluções diferentes daquelas imaginadas pelo criador. Tome-se o seguinte enunciado: É PRAZER O TENRO, que possibilita a produção do seguinte palíndromo:
O TENRO PRAZER É REZAR POR NETO.


O mesmo enunciado, entanto, poderá servir à construção de outro com ordem diversa das palavras:
REZAR POR NETO É O TENRO PRAZER.


Como se nota, os vocábulos são os mesmos, mas a solução tem formato diverso, não obstante o sentido idêntico.


Há ainda a possibilidade, remotíssima, de encontrar-se, com um só enunciado, até mais de duas frases palindrômicas. Tome-se, por exemplo, o seguinte: TROPA À IGNARA. Com estas três palavras, mudando-se a posição das mesmas e colocando-se ou retirando-se a vírgula ou a crase, descobri as seguintes soluções:


A PORTA RANGIA À IGNARA TROPA;
À IGNARA TROPA A PORTA RANGIA;
À PORTA, RANGIA A IGNARA TROPA;
A IGNARA TROPA À PORTA RANGIA.


Após estas considerações, auguro que o leitor, caso seja do seu agrado, tente solucionar as charadas apresentadas neste livro, cujas soluções serão exibidas no final do mesmo.
Espero, finalmente, que esta pequena obra possa deleitar intelectualmente os que a lerem e dar maior divulgação a esta arte neurótica e maravilhosa criada pela vocação eternamente lúdica da inteligência humana, ainda nos primórdios de nossa civilização.


Observação: cheguei a publicar num jornal (semanal) de Brasilia, durante quase dois anos, uma coluna com este jogo - a palindromagia - que teve grande sucesso. Depois cansei. Era trabalho gratuito. Só pela arte. Valeu! Fiz muitos amigos.

--- Palíndromo em Inglês Arcaico


Extraído, surpreendentemente, da obra "Geometry Revisite"* (*), anotei interessante palíndromo, escrito em inglês arcaico (no qual o vocábulo "ere" seria a forma aferética de "before"), cuja autoria é atribuída a Napoleão Bonaparte. O famosíssimo estrategista francês o teria criado quando de sua prisão na ilha de Elba:

                       ABLE WAS I ERE I SAW ELBA)
                                             (Eu era poder antes de ver Elba).

Como se observa, trata-se de tradução livre, uma vez que não prevalece o sentido literal do vocábulo "able".

A inusitada publicação dessa frase, num livro sobre geometria, descobri logo, era, apenas, pretexto para que os autores pudessem menoscabar a versão segundo a qual seria também dele a autoria da famosa proposição matemática conhecida como Teorema de Napoleão

Essa versão, afirmam os escritores, é totalmente desfundamentada, porquanto o imortal militar não teria cultura sufdiciente - nem de matemática nem de inglês - para elaboração quer do teorema quer do palíndromo.

(*)“Geometry Revisite”, coleção “New Mathematical Library”, Editora ´National Association American”, vol. 19.

--- Palíndromo Com Números


O professor Julio César de Mello e Sousa, o celebérrimo Malba Tahan, em sua fantástica obra “Matemática Recreativa” (Malba Tahan, “Matemática Recreativa”, 1o. Volume, Editora Saraiva, São Paulo, 1965). dedica extenso capítulo a esta arte, dando ênfase aos números palindrômicos.
Assim observa que todos os números historicamente famosos são palindrômicos, dando exemplos tais como 666, que aparece no apocalipse de São João (13,18); 33, idade de Jesus Cristo; e 1001. Refere-se também a várias expressões numéricas com essa característica, entre as quais extrai o seguinte exemplo: "Além dos números palíndromos (no seu tempo o adjetivo palindrômico ainda não era reconhecido em nosso idioma), os matemáticos definem e estudam certas expressões palíndromas (idem). Escrevamos, por exemplo, a igualdade numérica:
16+61 = 77. Lida da direita para a esquerda temos: 77=16+61."
Interessante saber-se, ensina o mestre, que as quatro potências de onze são palindrômicas:
11=11; 11x11=121;
11x11x11=1331 e 11x11x11x11=14641.
O escritor alemão Hans Magno Enzenberger, em sua obra “O Diabo dos Números”, afirmando que o diabólico dos números é a sua simplicidade, parte do pressuposto de que os algarismos foram criados a partir da multiplicação de números formados do dígito um. Assim de 1x1 surgiu o 1, de 11x11 nasceu o 2, no meio de 121, de 111x111 nasceu o 3 no 12321: de 1111x1111 nasceu o 4, no 1234321; de 11111x11111 nasceu o 5, no 123454321 e assim, sucessivamente.
Todos os resultados são palindrômicos ate chegar-se a operação com 11 dígitos. Quem gosta muito de matemática, recomendo o livro.

--- O Palíndromo Mais Antigo...???

Por Rõmulo Marinho - Extraído do meu livro "TUCANO NA CUT"  Para melhores esclarecimentos leiam neste blog meu artigo intitulado "O “quadro-mágico” não é traduzível."

















(1)Extraído do meu livro "TUCANO NA CUT (2) Perdoem aquele "à qual" da primeira página transcrita, no qual a revisão dançou.

--- A Palavra Palindrômica Mais Extensa do Mundo

E AS DO IDIOMA PORTUGUÊS.


A palavra palindromica mais extensa, conhecida no mundo, vem do finlandês: SAIPPUAKIVIKAUPPIAS, com dezenove letras, que significa VENDEDOR DE SOLDA CÁUSTICA. :

A maior palavra palindrômica do nosso idioma é o superlativo de omisso: OMISSISSIMO, com onze letras, secundado por SARASSARÁS e SOCOSSOCOS, que significam, respectivamente, albinos e jequitibá vermelho. Seguem-nas no ranking - além dos tempos de verbos SOMÁVAMOS, SOMÁRAMOS MERECEREM – SANIDINAS (variedades de ortoclásio) e SEDE-SEDES (o mesmo que saci, todas com nove letras.

Dei-me conta hoje, 20/04/2015, que o superlativo de omisso, omissíssimo, como eu e os demais palindromistas pensávamos, não é, solitariamente, a maior palavra palindrômica do idioma português. Esse superlativo tem uma amiga que com ele segura o cetro: é o seu superlativo absoluto sintético: tava na cara há anos, desde o "Morais", e ninguém viu                                                                
                            
                           AMISSÍSSIMA

Além do mais, há o termo amissíssimo, que é a  maior palavra parapalindrômica. De omissíssima.

E o palíndromo nasce pronto:

 AMA OMISSÍSSIMA AMISSÍSSIMO AMA.

Depois deve sair coisa melhor.

Primeira palavra "ama", no palóndromo, significa patroa, dona. 

--- Um Poema à Palavra.


TUCANO NA CUT
PREFÁCIO DO JORNALISTA SEBASTIÃO NERY

Inprincipio erat verbum. No começo era a palavra. Está na Bíblia e está na história do homem.

O homem é a palavra. A história é a palavra. A história do homem é a história da palavra. O mistério de sua linguagem. A magia de seu dizer.


Na Grécia livre de Péricles, a palavra era o discurso. Na Judéia oprimida de Cristo, a palavra era a parábola. Na Idade Média torturada de Galileu, a palavra era o silêncio. No coração túmido do homem moderno, a palavra é a poesia. O que é a Bíblia senão a fábula do povo judeu tiranizado sob os salgueiros da Babilônia? O que foi a tragédia grega senão a metáfora da liberdade? E as fábulas do escravo Esopo, cordeiro respondendo ao inquérito do lobo? E Bernard Shaw, roendo a empáfia do império britânico?


Por isso Ronsard, o poeta do amor e da morte, disse que “a palavra é a única magia: a alma é conduzida e regida pela palavra”: (“La parole, Ronsard, est la seule magie; L’ame par la parole est conduite et regie”).


Shakespeare buscava na palavra o tempo do tempo: -“Que tempo enorme uma palavra encerra!” (“How long a time lies in one little world”!).


Este livro é um poema à palavra, à magia e ao mistério da palavra. Rômulo Marinho, advogado, talentoso, culto, pesquisador, fez um estudo magistral sobre uma das mais belas, sonoras e cantantes palavras da linguagem universal, o palíndromo:


palindromo em grego, palíndromo em português e espanhol, palindrome em francês e inglês, palindròmo em italiano, palindrom em alemão. Depois de uma pesquisa na literatura e na bibliografia sobre palindromia, reagiu, com razão, às definições truncadas ou incompletas de dicionários e enciclopédias, e conseguiu uma definição completa, perfeita e, se me permitem a ênfase, definitiva.


“Palíndromo é palavra, frase ou número que, lidos da esquerda para a direita ou vice-versa, são literalmente iguais”. (como “Ana”, “Amor a Roma”, “63736”).


Não vou, antecipando, quebrar o encanto do que vocês vão ler.Primeiro, um criterioso e aprofundado estudo sobre os palíndromos, desde os gregos e os romanos. Depois, 202 palíndromos por ele criados, verdadeiros achados linguísticos:



- "A base do teto desaba".
- "A Diva em Argel alegra-me a vida"
- "Oto como doce seco de mocotó".
- "A droga do dote é todo da gorda".
- "Laço bacana para panaca boçal".
- "Seco de raiva, coloco no colo caviar e doces".
- "O teu drama é amar dueto".
- "O terrível é ele vir reto".
- "E até o papa poeta é".
- "Seco de raiva coloco no colo caviar e doces". 
- "Tucano na CUT"

E, finalmente, um fascinante jogo de palavras que Rômulo Marinho inventou, a “palindromagia”, uma charada invertida, uma nova e mágica palavra cruzada.

Em “O Nome da Rosa”, Umberto Eco nos contou a fantástica história dos loucos monges medievais que se enfrentam, dilaceram e matam para esconderem mistérios ocultos em mágicos livros, escritos com tintas venenosas e disfarçados no labirinto de uma inacessível biblioteca, trancada na torre do mosteiro plantado sobre montanhas geladas.


A palindromia também é um misterioso mosteiro, antigo de séculos, mas literário, etimológico, poético, sem veneno e sem mortes, embora cercado de superstições e esotéricos ocultismos. Sempre foi usada para, atrás de palavras e construções verbais exóticas, transmitir dissimuladas mensagens, algumas até hoje indecifradas.


E o livro se embeleza todo com as primorosas ilustrações de Kácio. Um livro para saborear na rede, diante do lago (ou do mar).


Brasília, 8 de março de 98.

--- Palíndromos para Crianças

A Editora Abril, há alguns anos, editou um opúsculo para crianças, em idade de alfabetização, utilizando uma série palindrômica com números que fiz, do algarismo l (um) ao 12 (doze), para interessar meus netos pelo tema, e a publicou com minha autorização.

O TAL UM É MULATO.

O DOIS IODO.

O TRÊS É DESERTO.

ARTE TEM É TETRA.

O ROMANO V... O NAMORO.

O VI É IVO.

E SÉTIMO OMITE-SE.

OITO É O TIO.

O NONO E O NONO.

E O DEZ AZEDO É.

ONZE FEZ NÓ.


O DOZE FEZ O DÓ.     

--- Uma Anedota Palindrômica


E O PALÍNDROMO MAIS ANTIGO DO IDIOMA PORTUGUÊS

Uma ocasião um espião de certo país de fala portuguesa, que desenvolvia suas atividades em Marrocos, descoberto e perseguido, conseguiu refugiar-se num ônibus. Depois de muito pensar como poderia pedir um auxílio a sua Embaixada, sem despertar suspeitas, decidiu manter contato por uma mensagem, a seu ver codificada, escrevendo, da direita para a esquerda, um curto bilhete com a frase: SOCORRAM-ME, SUBI NUM ÔNIBUS EM MARROCOS, na vã ilusão de que seu desesperado apelo, extraviando-se, não seria entendido pela contra-espionagem local.

O pedido de socorro foi interceptado pelos agentes de segurança marroquinos e o indigitado espião foi parar atrás das grades, onde ficou por muitos anos matutando e tentando descobrir quem o teria denunciado.

UMA EXPLICAÇÃO PARA ESCLARECER, DEFINITIVAMENTE, QUAL É O PALÍNDROMO MAIS ANTIGO DO IDIOMA PORTUGUÊS. 

Há muitos anos leio em alguns blogs, saites e publicações várias, que esse palíndromo da anedota seria o mais antigo produzido no idioma português. Não tem fundamento cientifico. Talvez seja o mais conhecido. Mas nunca foi feita uma pesquisa sobre isso. Essa hipótese é chutada. O prmeiro que conheci, ha mais de 60 anos, foi ROMA ME TEM AMOR. Em 1789, ademais, quando foi publicado o primeiro dicionário da língua portuguesa no Brasil, o lendário “MORAIS” (de Antônio de Morais Silva) - e ainda nem ônibus havia no mundo - já lá estava o verbete "palíndromo", com um único exemplo do seu significado: ROMA ME TEM AMOR. Até prova em contrário, portanto, este o mais antigo palíndromo do nosso idioma, 

---Um Novo quadro-mágico - Palíndromo da Solidariedade

Palíndromo da Solidariedade

Um cidadão chamado Areno Ramos, no dia do seu aniversário, convidou dois amigos palindromistas para almoçarem com ele. Os dois amigos convidaram mais dois amigos, que convidaram mais dois para acompanhá-los. Assim o grupo aumentou bastante e só poderia dar no que deu. Ao final do almoço Areno, recebendo a conta, constatou que ela tinha ficado muito pesada e que não estava prevenido para a grandeza da mesma. Falando baixinho para o amigo mais chegado, contou o fato. Este, então, solícita e discretamente, mandou para o outro um bilhetinho relatando a situação e sugerindo que os amigos dividissem a despesa com o aniversariante, sugestão de imediato acolhida por todos. O teor do bilhete era um palíndromo que dizia: SOMAR ONERA, MEIEM ARENO RAMOS. E a despesa foi dividida entre todos.
Se observarem bem, colocadas as palavras em linha, verão que além de palíndromo se trata também de um acróstico. Vejam:

                            S O M A R
                            O N E R A
                            M E I E M
                            A R E N O
                            R A M O S

Palíndromo com essa característica se denomina quadro-mágico (este é de minha autoria) e o mais famoso foi produzido no início da era cristã: SATOR AREPO TENET OPERA ROTAS, em homenagem aos Reis Magos, sobre o qual poderão ler noutro espaço deste Blog sua fantástica história e as inúmeras e contraditórias interpretações e traduções que intelectuais do mundo todo dão ao mesmo, com infindáveis controversas. Pode ser lido da esquerda para a direita, vice-versa, de cima para baixo e de baixo para cima, sempre literalmente igual.

--- A Religiosidade nos Bastidores Palindrômicos.


No texto do verbete anacíclico (sinônimo de palíndromo) do Grande Dicionário Etimológico Prosódico (1o. Volume, pág. 2l9), do Prof. Silveira Bueno, vem publicada, para exemplificar o termo, frase palindrômica latina sobre a qual existe fascinante lenda:
                   
               “Anacíclico -  Adj. - Disposição de palavras num verso que lidas, ao       
               inverso, do fim para o começo, são as mesmas que o poeta dispôs do
               começo para o fim. Verdadeiro quebra-cabeça que enlouqueceu muito
               poeta sem inspiração. Predomínio na poesia da Idade Média. Aulete
               cita este exemplo latino:
                  
               Signa te signa, temere me tangir et angis,
           
 que lida ao contrário, dá as mesmas palavras.”  

A autoria desse palíndromo - diz Malba Tahan (“Matemática Recreativa”, 1º Volume, Editora Saraiva, São Paulo, 1965), citando conhecido folclorista português - é atribuída ao demônio, estabelecendo, assim, interessantíssima polêmica, uma vez que já chegara ao meu conhecimento versão diversa disseminada por OTTO LARA REZENDE (crônica publicada no jornal O Globo, de 13 de julho de 1986, sob o título Palíndromo & Capicua). Vejamos primeiro a variante do autor português:

              “O filólogo Leite de Vasconcelos, no volume de seus opúsculos, cita duas frases
               palíndromas que, segundo a lenda, foram compostas pelo Demônio: A primeira
               seria a seguinte: SIGNA TE SIGNA TE, ME TANGIS ET ANGIS. Nota-se
               pequena diferença entre essa forma e a forma citada pelo Prof. Silveira Bueno.
               E a segunda, que é incluída entre os versos anacíclicos:

                         ROMA TIBI SUBITO, MOTIBUS IBIT AMOR”.

Essa assertiva, entretanto, não bate com informação de OTTO (no artigo citado):
             
               “Uma lenda informa que São Martinho fez um palíndromo para se livrar do
               Demônio. Mas o Demônio retrucou com outro palíndromo. Tudo em latim
               e em torno do sinal da cruz: “Signa te signa; temere me tangis et angis”.

OTTO não se reporta ao outro palíndromo citado por Malba Tahan, mas a tradução do primeiro, efetuada por latinista das minhas relações, e a sintaxe clerical que o caracteriza, consoante o corajoso jornalista (e emérito latinista) Sebastião Nery, estão a indicar que se São Martinho criou algum, seria esse:

               SIGNA TE SIGNA, TEMERE ME TANGIR ET ANGIS
               (SE) INADVERTIDAMENTE ME TOCARES E APERTARES,
               IDENTIFICA-TE POR SINAIS (MOSTRA TEUS SINAIS).

 Aquele cuja autoria poderia ter sido atribuída pelos místicos ao demônio, em face da conotação luxuriosa do texto, para tentar São Martinho, ao que me parece, seria o segundo, que o mesmo latinista amigo assim traduziu:

      DE ROMA TE VIRÁ DE SÚBITO O AMOR (ROMA TIBI SUBITO MOTIBUS IBIT AMOR).

terça-feira, 18 de março de 2014

--- Palíndromo no Idioma Grego


Não paira qualquer dúvida de que foi na Grécia antiga que nasceu a arte palindrômica. O curioso é que, após anos de pesquisa, eu só tenha encontrado, no idioma grego, um único, de 25 letras: NIYON ANOMHMATA MH MONAN OYIN, que significa “lave (meus) pecados, não apenas (meu) rosto”(tradução constante no Guinness Book). Este anacíclico aparece, também, em algumas igrejas em diferentes partes do mundo.”

A autoria desse palíndromo é atribuída a Gregório de Nazianzus (São Gregório), patriarca santificado da Igreja Católica Apostólica Ortodóxica (informação por mim colhida na Embaixada da Grécia em Brasília, em 1997), que viveu no século IV (de 328 a 389 d.C.) Segundo o professor de literatura da USP Massaud Moisés tem outra tradução: “lave seus pecados, não apenas suas mãos”.

Se é verdade que o palíndromo foi invenção de um mordaz, sábio,  audacioso e sátiro poeta grego (Sótades de Maroneia), não é menos verdade que o povo que mais divulgou pelo mundo essa arte foi o romano. Conheço quase uma centena de palíndromos escritos em latim

terça-feira, 11 de março de 2014

--- O palindromista - Conto.

Um o quê?
- Palindromista.
- Como?
- Pa-lin-dro-mis-ta.
- Mas o que vem a ser isso?
- Você não perguntou o meu trabalho? Eu faço palíndromos, oras! Palíndromo é aquele tipo de frase que quando se lê ao contrário fica a mesma coisa.
- Como ovo?
- Isso é só uma palavra. Há também frases palindrômicas. Por exemplo: LUSO GALO DO LAGO SUL Entendeu?
- Sim, mas... isso é profissão?
- É óbvio. Sou um artista como qualquer outro. Quem tem talento pra pintura é pintor. Pra música, compositor. Minha vocação é fazer palíndromos.
- Ah, é? Então improvisa um aí agora.
- Dez reais.
- O quê?
- Dez reais. É o preço de cada palíndromo que faço.
- Sujeitinho esperto, hein? Tá me achando com cara de quê?

E de fato era mesmo um indivíduo irritante. No início, todos desconfiavam das boas intenções do pobre diabo. Por melhor conhecedor da gramática que fosse, como poderia querer viver de vender palíndromos? Percorria a pé bairros e mais bairros com folhas repletas de palíndromos. Tinha de tudo: prosa, poesia, música. Mas ninguém se interessava. Não vendia nem uma "arara" sequer. Sobrevivia da esmola fornecida pelos mais piedosos.

Tinha uma grande ambição: escrever uma obra-prima da literatura, toda em palíndromo. As pessoas poderiam ler de trás pra frente. Poderiam chegar à metade e voltar para o começo. Comprariam dois livros em um. Ou um em dois. Mas o Palindromista envelheceu, sempre ridicularizado por sua excêntrica profissão.

Aos 77 anos teve uma visão. "Está caduco", diziam uns. "Caduco ele sempre foi", riam outros. Num delírio constante, o Palindromista escreveu. Escreveu por 53 horas e 35 minutos ininterruptos, quando enfim expirou. Deixou, porém, seu manuscrito completo. Em palíndromos.

"Foi um bom homem", lamentavam os poucos presentes em seu velório. "Louco, mas bom. Nunca fez mal a alguém." Leram, em sua homenagem, o início do manuscrito. Um jovem empresário se interessou. Meses depois, conseguiu a publicação. Foi um sucesso estrondoso. "É a maior obra de todos os tempos", afirmavam os críticos. Os outros textos do Palindromista foram usados em músicas, filmes, propagandas, campanhas - a anti-drogas dizia: O PÓ DE COCAINA MATA MANÍACO CEDO, PÔ! Ele estava por toda parte.

As pessoas começaram a reverenciar o Palindromista. Diziam ter ele recebido o manuscrito de um anjo, através de visões. Seria ele O Salvador? Uma seita foi criada. Os seguidores do Palindromista só se comunicavam por palíndromos. Estrangeiros estudavam o português para lerem o clássico intraduzível. A seita se internacionalizou. Virou religião e possui milhões de fiéis. Esperam pela volta do Palindromista, que salvará aqueles que o seguirem incondicionalmente. Aquele que não fizer palíndromos padecerá no fogo do inferno.


Autor desconhecido. Este conto tem circulado na internet. Observem a coerência da personagem: ele trabalhou, antes de expirar, exatamente 53 horas 35 minutos. A soma dos dois números (5335= 88) e a idade (77 anos) resulta em duas capicuas, isto é, dois palíndromos numéricos. KKKK   

Obs: estava relendo essa matéria quando me veio a ideia não me lembro porque:
 .      LUAR AZUL... LUZ A RAUL (Fiz hoje (22/02/2016 - 12:10). Achei poético)   


sábado, 8 de março de 2014

--- Capa do Livro "Tucano na Cut"


--- Palíndromo em Homenagem a Música


Levei alguns meses para criar este palíndromo. A música é a outra arte a qual me dedico, como compositor da MPB. A dificuldade estava em que, para produzi-lo, tentava sempre partir da palavra "música", que nunca me permitiu um desdobramento, uma junção, uma ligação dela com outras, capazes de me auxiliar a atingir o fim colimado. De repente - não mais do que de repente, como disse o poeta, me dei conta de que para fazer essa homenagem não seria necessário nem indispensável a utilização do próprio vocábulo. Aí foi sopa, porque já havia tentado tantas vezes que algumas idéias ficaram na cabeça. Assim foi só reuni-las. Em menos de uma hora o palíndromo ficou pronto. Ei-lo:

MODO: SOM TIRAMOS. SOMAMOS SOM A RÍTMOS... O DOM.

--- Palíndromo da Estratégia Militar

Outro palíndromo explícito muito grande é o da estratégia militar, com 83 leras e 23 palavras. É o 

PALÍNDROMO DA ESTRATÉGIA MILITAR: 

O GAL. LENO ROCA, À PORTA DA CIDADE, A PORTADOR RELATA FATAL ERRO DA TROPA E DÁ DICA DA TROPA A CORONEL LAGO.

--- CONTINUAÇÃO DA APRESENTAÇÃO

"O direito de pensar, falar e escrever 
livremente, sem censura, sem restrições 
ou sem interferência governamental é
o mais precioso privilégio dos cidadãos,"
Hugo Lafayette Black, juiz aposentado da 
Suprema Corte dos EUA 

AGORA AOS PALÍNDROMOS.

Quando criança, após um amigo mostrar-me uma frase que lida

ao contrario era literalmente igual (ROMA ME TEM AMOR), o palíndromo mais antigo do idioma português - pelo menos, formalmente, no Brasil - uma vez que é o único que consta - como exemplo - no verbete "palíndromo" da primeira edição do histórico "Morais" (primeiro dicionário da língua portuguesa editado no Brasil, em 1789, de Antônio Morais Silva). Fiquei deslumbrado. Como era possível escrever uma frase que pode ser lida da esquerda para a direita e vice-versa e mesmo assim eram iguais. Uma frase sem fim. Logo li meu nome ao contrário: Olumor. Mas nada significava. Até que um dia encontrei um jeito de fazer sentido, como conto logo adiante.  A partir desse dia adquiri o hábito de ler palavras ao contrário para ver se alguma tinha outro sentido. Quando comecei a trabalhar, aos 14 anos de idade, ia de bonde - da Tijuca ao Centro do Rio de Janeiro - e durante o percurso me distraia lendo anúncios e nomes de lojas, ao contrário, para ver se formavam outras palavras. 

Um belo dia - já telegrafista de uma empresa Italiana - era uma companhia de cabo submarino de nome ITALCABLE, há muito extinta no Brasil- eu e mais dois saudosos companheiros e amigos, fundamos um jornal classista chamado “A VOZ DOS TELEGRÁFICOS", do qual eu era redator-chefe, tendo também assumido a coluna de humor do mesmo (intitulada "O CABO") , com o pseudônimo de O. L. (bom) UMOR, que é meu nome ao contrário, esclarecendo na coluna que o meu “humor” era italiano e, portanto, sem H e sem graça. Foi assim que comecei, oficialmente, escrever palavras ao contrário


Muitos anos depois, lendo no jornal “O Globo”, de 13 de julho de 1986, uma crônica do saudoso Otto Lara Resende, intitulada “Palíndromo & Capicua”, fiquei sabendo que palavras ou frases com essa característica denominavam-se PALÍNDROMO e a arte milenar de faze-los intitulava-se PALINDROMIA, cuja criação datava de quase quatro séculos antes de Cristo, inventada por um tremendo glosador: Sótades de Moroneia, poeta e sátiro grego. Foi quando me dei conta de que o hábito que adquirira ainda na infância poderia terminar em arte.


A partir desse artigo resolvi fazer um palíndromo. E como demorou. Nos meus momentos de folga, era uma distração intelectual obsessiva. Quando, após uma operação de safena, passei a dar longas caminhadas matinais, aproveitava o tempo para continuar as tentativas. Até que nasceu o primeiro: A BASE DO TETO DESABA.


Depois de produzir essa catástrofe palindrômica, foram saindo outros e mais outros, até que em 1997, após pesquisar sobre o assunto durante três anos, no Brasil e no exterior, onde visitei inúmeras bibliotecas (fui parar até na Universidade de Atenas para saber mais sobre essa arte) decidi, incentivado por amigos, principalmente o saudoso Newton Rossi, Presidente fundador da Federação do Comércio de Brasília, e grande poeta, escrever um livro sobre o assunto porque, àquela época - bem antes da internet chegar ao atual estágio - nossa literatura era carente de informações sobre palíndromo. Daí nasceu o meu livro (TUCANO NA CUT), no qual, além de contar a história dessa arte desde seus primórdios, publiquei 202 frases palindrômicas de minha autoria, algumas com cartuns de Kácio (fui o primeiro palindromista brasileiro que, me valendo do grande talento  e da extrema boa vontade desse fantástico caricaturista do Correio Braziliense de Brasília 
- que nada cobrou pelo seu trabalho e pelo seu refinado bom humor - sugeriu a criação de cartuns tendo como tema o palíndromo). Edição esgotada. Vendi quase toda pela internet.


Sou advogado aposentado, formado na primeira turma do UNI/CEUB, da Capital Federal, em 1972, quase aos quarenta anos de idade (e, nas horas vagas, compositor da MPB). Defensor intransigente da democracia, forma de governo em que todos os cidadãos elegíveis participam igualmente - diretamente ou através de representantes eleitos - na condução e administração do país, fato que torna totalmente dispensável a existência desses "conselhos populares" 
que o atual governo pretende criar (cujo único objetivo é um abusivo aparelhamento do Governo e depreciação dos sodalícios legislativos que são os grandes instrumentos da democracia). Coisa mais antiga, gente! Discípulo, amigo e correligionário - e sempre me senti muito honrado por isso - do saudoso político, democrata cristão, meu professor de Filosofia do Direito, Franco Montoro, homem probo e culto, que os políticos atuais deveriam tentar imitar, creio ser abominável tal ideia
 
(29/11/2014 – Muito a propósito: lembra-me e-mail do meu amigo, o maior historiador de Brasília, Adirson Vasconcelos, estar fazendo, hoje, 32 anos que dez governadores, liderados por Franco Montoro, de São Paulo, lançaram manifesto pelo restabelecimento das eleições diretas para Presidente da República do Brasil). Por fim, estou lançando este blog com o propósito ao qual me reportei no início desta apresentação e também para divulgação da arte que tanto admiro e, ainda, dizer, palindromicamente, o que penso sobre as coisas erradas que, ao meu ver, vivem fazendo no Brasil. Espero que dê aos interessados, ou não, pelo tema, momentos de prazer.


Observação final (30/10/2014) - A propósito do parágrafo anterior, queria dizer, ainda, o seguinte: esses Conselhos Populares que o atual governo pretende introduzir no direito positivo brasileiro, por meio de absurdo decreto (ontem oportunamente rejeitado pela Câmara dos Deputados), nada mais são do que descarado plágio dos Conselhos Operários que surgiram, pela primeira vez no mundo, na Revolução Russa de 1905, teorizados por Rosa Luxemburgo e, principalmente, pelos chamados comunistas de conselhos. Pode ser que àquele tempo, em regimes fechados, absolutistas (tsares, reis, rainhas, ditadores de todos os matizes, etc.), a criação desses órgãos tivesse algum sentido, mas não na atualidade, ainda mais num país como o nosso, cujo sistema democrático é de plena liberdade e onde já existem sodalícios cujos membros foram eleitos pelo povo para nos representar. É desprovida de bom senso essa tentativa de infiltrar, sorrateiramente, em nossa forma  de governo, essa barbaridade inventada por marxista-leninistas, outrora conhecida como “sovietes”. Causa, ainda, espécie saber, como amplamente noticiado pela imprensa escrita e falada, que as nossas contas públicas estejam estourando e uma das prioritárias metas do governo seja a criação dessa baboseira obsoleta. Afinal, se o governo quer mesmo ouvir, opcionalmente, a opinião popular - e se há, realmente, sinceridade nisso - por que não consulta os sindicatos operários, os conselhos das Ordens das profissões liberais, ou outras instituições de caráter coletivo já legalmente existentes? Como cristão de carteirinha (fui deputado pelo PDC do Rio de Janeiro em 1976, suplente do Marechal Juarez Távora) julgo profundamente lamentável e estranho que o atual ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da Republica do Brasil, ex-seminarista, cuja origem política, dizem, é a Pastoral Operária da Igreja Católica, apareça, neste momento (em que estamos tentando consolidar a democracia no pais), na televisão, defendendo essa esdrúxula e arcaica fórmula de organização nitidamente comunista, cujas idéias já foram, há muito tempo, banidas do grande pais onde outrora floresceu e somente ainda viceja em terras comandadas por psicopatas, tais como Coréia do Norte, Cuba e Zimbábue, Venezuela e poucos - pouquíssimos - países afins. 

E.T. Dezenas de palíndromos de minha autoria já foram publicados em diversos Blogs e saites, inclusive - ou principalmente - na wikipedia. Neste blog vou publicar somente aqueles que considero mais interessantes e, sempre que possível, explicando a mensagem que pretendo enviar com sua criação.


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O INVENTOR DO PALÍNDROMO


A invenção da arte palindrômica é atribuída ao sátiro poeta grego Sótades de Maronéia (era natural de Maronéia - Trácia) porque são de sua autoria os primeiros palíndromos encontrados 

Especializou-se, ainda, num tipo obsceno de verso jônico, conhecido como "Kinaidoi". Inventou uma métrica mais livre, que aplicou em várias de suas obras, inclusive em um texto reescrito da Ilíada. Inventou ainda o verso sotádico (por esse fato seu nome ficou eternizado na literatura mundial) que podem ser lidos da direita para a esquerda com o mesmo sentido.

Viveu em Alexandria, durante o reinado de Ptolomeu II Filadelfo. 

Por satirizar o casamento incestuoso do rei com sua irmã, Arsínoe II ENIS (“Você está metendo seu pênis em um buraco ímpio!” (Sótades: Sátira a Ptolomeu II.), foi preso, porém conseguiu escapar para a ilha de Caunus, onde foi descoberto e novamente detido por Patroclo, oficial de Ptolomeu.


 Após sua nova prisão, o rei o condenou a morte de forma muito cruel: colocaram-no ainda vivo numa caixa de chumbo lacrada e a lançaram no mar Mediterrâneo (pelo visto, nesse tempo, sim, poderia se pensar na criação de Conselhos Populares. Mas essa época, graças a Deus, já foi ultrapassada). Quem puder, avise-os, pois estão desatualizados..

Os textos de seus poemas Adônis e Príapo, mencionados por outros autores, se perderam.